Caso 50: laboratório

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MOTIVO DA CONSULTA:
A paciente não gostava da aparência dos dentes da frente.

DIAGNÓSTICO:
Paciente do sexo feminino, com 43 anos, não fumadora. Apresentava o dente 2.1 com a coroa escurecida e restaurada, sendo portadora de um tratamento endodôntico radical. O dente 1.1 apresentava uma restauração em resina composta, classe IV mesial com uma alteração de cor significativa. Os incisivos superiores apresentavam-se ligeiramente retro-inclinados e mostravam desgaste dos bordos incisais, compatível com hábitos para-funcionais. A paciente tinha um fenótipo gengival grosso e uma razoável higiene oral.

PLANO DE TRATAMENTO:
Após análise clínica e imagiológica foi proposto à paciente reabilitar o dente 2.1 com um poste intra-radicular e uma coroa total em cerâmica com infra- estrutura em Zr. Relativamente ao dente 1.1 foram colocadas 3 hipóteses: refazer a restauração com resina composta, fazer uma faceta em cerâmica feldespática com recobrimento do bordo incisal, ou fazer um “chip” de cerâmica feldespática sem preparação da superfície vestibular. A paciente, incentivada por mim, optou por esta última solução, que teria a vantagem de ser muito conservadora, mas simultaneamente assumir que esteticamente seria quase impossível evitar uma subtil linha de interface entre a peça protética e a estrutura dentária. Pesando os prós e contras deste tratamento, optámos por realizá-lo.

NOTAS DA COLABORAÇÃO “MÉDICO DENTISTA & TÉCNICO DE PRÓTESE”:
O tratamento iniciou-se com a colocação de um poste intra-radicular metálico. A desobturação do canal radicular foi feita com brocas de Peeso, sempre com controlo imagiológico. De seguida foi selecionado um poste com o calibre adequado. A cimentação do poste foi realizada com resina composta fluida de polimerização Dual. Duas semanas após a colocação do poste intra-radicular iniciou-se o procedimento prostodontico. Foi feita uma pré-impressão em silicone putty, esta foi retirada da moldeira, e após o preparo dentário foi utilizada como chave para confeção da restauração provisória em resina composta. O preparo dentário do dente 2.1 utilizou uma linha de acabamento em chanfro e uma localização intra-sulcular. A preparação dentária do dente 1.1 limitou-se à remoção da restauração e à uniformização da linha de transição. O afastamento gengival foi feito utilizando uma pasta de caolino, sendo este material comprimido dentro do sulco gengival com a ajuda da provisória. A impressão utilizou a técnica de dupla mistura com material de viscosidade putty- soft e light. A ponte provisória foi cimentada com cimento de poli-carboxilato no dente 2.1. No laboratório foram confecionadas duas peças distintas. Uma coroa total em cerâmica com infra- estrutura em Zr, e um “chip” em cerâmica feldespática. Este trabalho foi realizado após recolha de informação pelo ceramista junto da paciente, no consultório. A colocação do trabalho em boca foi feita após remoção da ponte provisória e cuidadosa remoção dos restos de cimento remanescentes. A coroa foi cimentada em primeiro lugar, utilizando cimento de iónomero de vidro reforçado com resina e de seguida foi colado o “chip”. O isolamento utilizado foi relativo, e a colagem utilizou simplesmente o adesivo, não se utilizando resina composta no assentamento da peça protética. Os acabamentos foram feitos com particular cuidado, sendo primeiramente realizada a utilização dos discos abrasivos, sempre no sentido cerâmica-dente. Finalmente foram removidos os restos de adesivo nas zonas cervical e inter-proximal com ajuda de uma lamina de bisturi. Por último, foram verificados e acertados os contactos oclusais. O polimento final foi feito uma semana após a colocação do trabalho. Apesar de ser notória uma Subtil Linha de interface na superfície vestibular do dente 1.1, o tratamento satisfez esteticamente a paciente e respeitou a minha vontade de ser ultraconservador.