Caso 49: laboratório

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MOTIVO DA CONSULTA:
O paciente colocou um implante dentário aos 20 anos de idade, para reabilitar a perda do incisivo central superior esquerdo. Passados quatro anos após a reabilitação, o paciente mostrou-se insatisfeito com o resultado estético, referindo que “o dente tinha ficado mais curto”. Foi realizada nova reabilitação que durante dez anos foi aceite pelo paciente sob o ponto de vista estético e funcional. Ao fim deste tempo, o paciente recorreu à minha consulta com vontade de “aumentar outra vez o tamanho do dente” manifestando a opinião que o “dente tinha subido outra vez”.

DIAGNÓSTICO:
Paciente do sexo masculino, com 38 anos de idade, não fumador. Apresentava a coroa do implante colocado no local do dente 2.1, com o bordo incisal 1 a 2 mm apical ao bordo do dente adjacente. A coroa era metalo-cerâmica e estava aparafusada ao implante. Foi lógico concluir que esta situação resultou da extrusão dos dentes adjacentes. A colocação do Implante no paciente aos 20 anos parece ter sido precoce, não contemplando um crescimento tardio. Curiosamente, ou talvez não, catorze anos após a colocação do implante e já com a segunda coroa colocada, o processo de extrusão dos dentes adjacentes continuou. Essa extrusão está bem patente na exposição radicular do dente 1.1, inicialmente reabilitado com uma coroa metalo-cerâmica. O dente 1.1 apresentava um tratamento endodôntico radical e poste intra-radicular. O paciente tinha boa higiene oral.

PLANO DE TRATAMENTO:
Foi proposta a substituição da coroa metalo- cerâmica que o paciente trazia, por uma outra, mas com o bordo incisal ao mesmo nível do bordo incisal do dente adjacente. Passados dez anos, pelo mesmo motivo, foi proposta novamente a substituição da coroa do implante colocado no local do 2.1, mas também foi proposto refazer a coroa do dente 1.1. O paciente só quis refazer a coroa sobre o implante.

NOTAS DA COLABORAÇÃO “MÉDICO DENTISTA & TÉCNICO DE PRÓTESE”:
A impressão ao implante foi feita com uma técnica de moldeira aberta, utilizando silicone de consistência putty e regular. Para copiar corretamente os tecidos moles foi feita uma impressão com técnica de moldeira aberta utilizando o parafuso de uma peça de transferência para fixar a coroa. Foi colocada uma réplica aparafusada à coroa e antes da impressão ser vazada a gesso foi colocada gengiva artificial. Procurou-se assim copiar o perfil de emergência utilizando a coroa. Esta era na altura a técnica utilizada e implicava a confeção do modelo de trabalho durante a consulta, para que fosse possível devolver a coroa ao paciente. Sobre o modelo de trabalho foi confecionada uma infraestrutura em metal aparafusada, que foi experimentada e validada clinicamente. Após recolha de informação na presença do paciente, o ceramista colocou a cerâmica, finalizando o trabalho. O trabalho foi colocado em boca após validação final. Passados dez anos o paciente retornou à minha consulta, manifestando o interesse em substituir a coroa pelos mesmos motivos. Foi-lhe sugerido que também refizesse a coroa do dente 1.1 o que não teve acolhimento. Assim foi feita uma impressão com técnica de moldeira aberta, em que a peça de transferência foi individualizada. A coroa que o paciente usava foi utilizada para copiar fielmente o perfil de emergência. A coroa foi aparafusada a uma réplica e o conjunto foi introduzido em silicone Putty, depois de endurecido desaparafusou-se a coroa e retirou-se esta da réplica incluída no silicone. A peça de transferência foi colocada na réplica e o perfil de emergência foi preenchido com resina composta, individualizando a peça de transferência. Após controlo imagiológico do assentamento da peça de transferência individualizada, foi feita a impressão com técnica de moldeira aberta. Nesta terceira coroa realizada, o processo de cópia do perfil de emergência foi mais rápido, simples e eficaz, atestando a evolução da técnica ao longo do tempo. Foi confecionada uma nova coroa aparafusada que esteticamente satisfizesse o paciente, o que foi conseguido. Este caso clínico é revelador das alterações de posição que os dentes sofrem ao longo dos anos e das possíveis consequências que isso pode ter nas reabilitações com implantes. Atenção particular deve ser dada aos implantes colocados em jovens adultos, principalmente em zonas estéticas.