Caso 38: laboratório

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MOTIVO DA CONSULTA:
O paciente tinha “os dentes da frente feios e um deles abanava”.

DIAGNÓSTICO:
Paciente do sexo masculino, com 60 anos não fumador. Após exame clinico e imagiológico verificou-se que o paciente apresentava os dentes 2.1 e 2.2 com extensas restaurações em acrílico, com postes intra-radiculares rosqueáveis e com tratamentos endodônticos muito deficientes. O dente 2.2 apresentava uma lesão apical extensa, o poste tinha sido colocado num falso trajeto e apresentava mobilidade. O dente 1.1 apresentava-se com uma extensa restauração a resina composta e o dente 1.2 apresentava uma restauração mesial, também em resina composta, tipo Classe III. O setor antero-superior apresentava-se vestibularizado, em consequência de uma perda de dimensão vertical da oclusão associada a um edentulismo posterior. O paciente mostrava uma saúde periodontal razoável e uma higiene oral satisfatória.

PLANO DE TRATAMENTO:
Perante a situação clínica apresentada foi proposta uma reabilitação oral que contemplasse a situação antero-superior mas também a falta de dentes posterior, procurando uma reabilitação funcional e estética mais abrangente. No entanto, esta proposta não foi aceite, pelo que a intervenção, teve que se restringir ao setor antero-superior. Obviamente, as limitações desta intervenção foram explicadas ao paciente. Assim, foi proposto realizar o tratamento endodôntico do dente1.1 e refazer o do dente 1.2. Colocar um poste intra-radicular no 1.1 e um espigão falso coto fundido no 2.1. Colocar uma ponte provisória com 3 elementos com os dentes 1.1 e 2.1 como pilares e o dente 2.2 como pôntico. Esta provisória permitiria reabilitar a situação entre a extração do dente 2.2 e a colocação de um implante no seu local. O trabalho seria finalizado com 3 coroas metálico-cerâmicas, duas sobre os dentes 1.1 e 2.1 e outra sobre o implante colocado no local do dente 2.2.

NOTAS DA COLABORAÇÃO “MÉDICO DENTISTA & TÉCNICO DE PRÓTESE DENTÁRIA”:
Foram realizados os tratamentos endodônticos e no dente 1.1 foi colocado um poste intra-radicular metálico, não rosqueável. Foi feita uma impressão em alginato para confeção em laboratório de uma ponte provisória em acrílico reforçado, com os dentes 1,1 e 2.2 como pilares e o 2.2 como pôntico. Após preparo dentário do dente 1.1 e preparo radicular do 2.1, foi feito o rebase da ponte boca com acrílico auto-polimerizável utilizando um poste metálico para obter retenção adicional no canal radicular preparado do dente 2.1. O dente 2.2 foi cortado ao nível gengival ficando a funcionar como apoio. Na mesma sessão foi realizada a impressão do canal radicular do 2.1 para a confeção laboratorial de um espigão falso coto fundido. Foi utilizada uma técnica de dupla mistura com tutor de plástico, após prévio vaselinar do canal com lima endodôntica e algodão. A ponte provisória foi cimentada provisoriamente e o espigão falso coto fundido, foi confecionado no laboratório. A cimentação do espigão falso coto, foi feita com cimento de ionómero de vidro reforçado com resina e a ponte provisória teve que ser reajustada à nova situação sendo removido o poste que tinha no local do 2.1. Após cuidada planificação cirúrgica foi realizada a colocação de um implante dentário, simultaneamente à extração da raiz do dente 2.2. A ponte provisória foi colocada apoiando-se no parafuso de cicatrização colocado no implante. O período de osteointegração respeitado foi de 12 semanas, no qual foram feitos 2 rebases da ponte provisória. Verificada a completa maturação dos tecidos duros e moles, foram realizadas as impressões definitivas. A técnica de afastamento gengival foi aplicada com um fio de retração impregnado e a impressão foi realizada com a técnica de moldeira aberta, com dupla mistura. A nível laboratorial foi confecionado um coto individualizado fundido em metal nobre sobre o implante e foram também realizados 3 casquetes metálicos como infraestruturas para as coroas metalo-cerâmicas. Particular cuidado foi colocado na confeção da linha de acabamento cervical do coto implantar no sentido de acompanhar o perfil de emergência dos tecidos moles. A prova das infraestruturas foi feita em boca sendo avaliadas clinica e imagiologicamente. A recolha de informação sobre a cor foi feita pelo ceramista no consultório. A cerâmica foi aplicada no laboratório e o trabalho finalizado foi colocado em boca após aprovação do paciente. A cimentação definitiva foi feita com cimento de ionómero de vidro reforçado com resina e a primeira coroa a ser cimentada foi a do implante para facilitar a remoção dos excessos.